segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Conferências | 21 Fevereiro e 3 Março




Uma evocação de Baudelaire
nos 150 anos da morte (1867-2017)

       Charles Baudelaire morreu em Paris em 1867, há 150 anos. Em Março de 1866, na cidade belga de Namur, ele tinha sofrido um ataque cerebral (o que se chama hoje em dia um AVC), uma apoplexia antecedida por severa cefaleia. O problema de saúde que se manifestou bruscamente deixou-o com sérias dificuldades em expressar-se, ficando afásico e paralisado do lado direito do corpo, poucos dias antes de completar os 45 anos de idade. Nesse dia, ele encontrava-se numa das naves da igreja de Saint-Loup, uma igreja de jesuítas em Namur,  acompanhado por dois amigos, o pintor belga Félicien Rops e o editor Poulet-Malassis, exilado na Bélgica, um homem arruinado depois de publicar “As Flores do Mal”. Nesta fase da vida, Baudelaire era um homem devastado por dívidas e muito doente. Transportado para Paris onde permaneceu acamado durante mais de um ano, Baudelaire foi sepultado a 1 de Setembro de 1867. A sua mãe, a senhora Aupick, decidiu que Charles ficaria sepultado na campa do padrasto, o general Aupick, um homem detestado pelo poeta. Até aos dias de hoje, Baudelaire não tem uma pedra de sepultura  própria no cemitério de Montparnasse.   


Baudelaire e Courbet

      O poeta e o pintor foram amigos durante algum tempo, antes de Baudelaire se afastar de Courbet e de se aproximar muito de Manet. Para Baudelaire e  Zola, ‘Manet era o futuro com um talento muito forte que a tudo iria resistir’. Mas Courbet tinha contribuído para a reabilitação de um gosto pela simplicidade e pela absoluta honestidade e foi provavelmente isto que atraiu  de imediato Baudelaire para a sua pintura. Em cafés e cervejarias de Paris, muitas discussões tiveram os dois sobre  os destinos do povo francês, sobre Proudhon, Delacroix, a arte, os júris e os salões. Nas discussões sobre arte, Baudelaire gesticulava muito ao argumentar  que o Realismo das telas do Courbet tinha mais a ver com a verdade do que com a realidade e  que as pinturas de Courbet procuravam mostrar uma verdade mas que estavam longe de serem exactas. Courbet foi um iconoclasta, sempre pronto a desafiar as convenções sociais. Foi descrito como um belo homem robusto, um provinciano filho de camponeses abastados. Era carismático e de personalidade muito vincada e os seus quadros protagonizaram vários escândalos.  Foi criticado pelas suas simpatias republicanas e socialistas, por se relacionar com Proudhon, por ser um pintor “realista” e por não fazer  concessões às regras académicas que vigoravam nos salões artísticos.


Nota biográfica

Mestre em Filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. De 1983 até 2005, foi colaboradora no vespertino ‘A Capital’, na área da cultura e da música. Desde 2006 é colaboradora do semanário ‘Expresso’ na área da música. É autora de três exposições de fotografia sobre o Carnaval no Café Florian de Veneza na Fnac-Chiado, no Grémio Literário e na Galeria Gan. Na Antena 2, criou o programa radiofónico ‘Plácidos Domingos’ e foi co-autora do programa ‘Preto no Branco’. Na Rádio Renascença criou o programa ‘A Flauta Mágica’. Escreveu dois livros: ‘Rock Stars - Cinco anos de Rock em Portugal’ (editado na Gradiva e no Círculo de Leitores) e a peça de teatro sobre Courbet e Baudelaire com o título ‘A Origem do Mundo’. 


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